quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Carta para Aurí.

O chá de Camomila, Sálvia e Gengibre esfriou enquanto chorava e digitava aquelas palavras pra ti, Outubro tem sido um mês pesado, parecendo nuvem carregada de chuva, seria aniversário de 45 anos de Maria, e o que restou? Nada muito além da saudade e da vontade de abraçar longamente aquela mulher tão magra, tão mãe.
Fora está angustia, tem a saudade que tem sido forte, fora isso tem a redução de vagas nas universidades, fora isso o Brasil em caos, fora isso, hoje tem chuva de estrelas cadentes e os muros da Tristeza me limitam ver o céu neste pequeno espaço retangular que moro. Cidade grande, de relações passageiras, Tem sido tempos difíceis para os que sentem, para os que se abalam, sou mulher, sinto muito, tu, poeta e ativista sentes mais. Parece que tudo ficou líquido, as relações se acabam de um dia para o outro, os sentidos das coisas não são mais vistos, talvez por isso essa agonia, e os meus olhos não param de jorrar, Não sei de onde tirei tanta angustia, tanta dor, tanta raiva, tanta vontade de sumir, me afogar em uma cachoeira. Na verdade, é o mundo que me deixa assim, sou eu, que não faço e não tenho sentido aqui. 
Hoje a manhã estava tão bela, luzida, ensolarada, penteei os cabelos, brinquei com as plantas,desenhei uma sereia azul, mas depois os ciclo se voltou, as lágrimas de novo jorraram, caíram feito tempestade. 
Espero que essa nossa dor passe, desejo que encontremos sentidos, ou que eu encontre, tu tem os teus que são belos e que incluí uma humanidade, sim, essas pessoas que tu ensina sobre a vida, na qual estou inclusa entre elas. 
Menino, não me esquece, vou precisar, preciso de você. 
Porto Alegre, 20 de Outubro, 2016, Primavera, Cheia. 

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